quinta-feira, 17 de dezembro de 2009


Me lembro quando ela chegou em casa. Com o seu moleton surrado,e sua calça jeans justa.de tênis, com o seu cabelo não muito bem preso disfarçando seus fios rebeldes com vida própria.
Preenchemos cada minuto de silencio com conversas sem ponto final,Até que ela cogitou a idéia de possivelmente estar grávida.
Depois de algumas semanas veio o resultado.Deu positivo.
Então só restou o arrependimento e sua expressão de desespero,e os meus arrepios de imaginar estar no seu lugar.
Passaram sete meses e recebi um convite para visitá-la. Entrando em seu apartamento dou de cara com a sua mãe na cozinha me recebendo sempre com o mesmo sorriso receptivo,Guardando na geladeira doces e bolos que provavelmente eu havia perdido da festa do dia anterior.Então subindo as escadas ouço a tv ligada do quarto de sua irmã mais velha,e caminhando pelo corredor vejo a porta do quarto de seus pais entreaberta com o seu pai dormindo de bruços,e na ultima porta o barulho do chuveiro.
Eu gosto daquela casa.Gosto de estar lá,é como se eu estivesse na minha.
Então sento em sua cama,e espero por um tempo até que ela saia do banho,observando o quarto que eu já sabia  de cor todos  os detalhes, abrindo seu armário e fuçando todos os seus sapatos e sandálias que eu adoro.
Eu tinha intimidade para isso,e não ficaria nem um pouco constrangida se alguem me pegasse no ato de surpresa.
Então caminho em direção a porta e ela me abre com um sorisso, dizendo :
oi...PAM!
-oi. disse eu ,com uma voz desafinada de como quem segurava um aviso breve de um choro.
- pera aí,eu já vou.Disse, fechando a porta delicadamente como se pedisse licença.
Então ela saiu do banheiro enrolada em uma toalha,colocou seu vestido,e assim que eu vi seu barrigão, toda a emoção que eu prendia comigo, todo o choro que eu segurava,jorraram como um ato involuntário demonstrando minha felicidade em vê-la.

sobre hoje : Ouvia bater dentro dela um coração que não era o seu .